Está com medo para saber o que vem por aí para a reforma tributária? Em 2026 entram dois impostos de consumo para teste: CBS, federal, e IBS para estados e municípios. Os dois juntos formam o famoso IVA (Imposto sobre Valor Agregado) Dual. Então, o que nos aguarda?
Muita gente me pergunta “Os impostos vão aumentar? Meu lucro vai encolher?” A resposta é não, se você atualizar sua estratégia. Vamos explorar as tendências da reforma que moldarão o futuro.
Cronograma-chave
Em 2026 o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) entra em teste a 0,1% e CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) a 0,9%. Essas alíquotas devem ser destacadas em cupons e notas fiscais para transmitir.
Fim do IPI e PIS/Cofins em 2027. CBS passa a valer com alíquota cheia e o Imposto Seletivo é instituído.
Entre 2029 e 2032 a alíquota do IBS cresce gradualmente enquanto ICMS e ISS reduzem na mesma proporção. Esse período exige simulação de preços e ajustes de caixa.
Por fim, em 2033, ICMS, IPI e ISS são extintos e IBS/CBS passam a ser os principais tributos de consumo.
Tendência nº 1 da reforma tributária: reprecificação
Você certamente deve ter ouvido que teremos a maior alíquota de IVA do mundo.
Primeiro, os impostos vão deixar de existir dentro do preço (que ainda existem). Os novos serão por fora do preço, ou seja, o consumidor que vai pagar—e isso vai fazer toda a diferença.
Se você vende para o Brasil inteiro, não dá para mostrar um preço já com impostos. A alíquota muda conforme a cidade ou o estado do cliente. Então você deve exibir um preço base e calcula o total no checkout, já com a tributação correta do local do cliente.
Para negócios locais que vendem apenas fisicamente, como mercearias e padarias, eles podem mostrar o preço com os impostos no mesmo padrão aplicado nos Estados Unidos.

Apesar da alíquota do imposto ser maior, você vai ter mais lucro na operação. Então qual o problema?
O seu concorrente pode re-precificar o valor de venda, subtraindo o valor de dedução dos impostos antigos.
Mas o que isso significa?
Ele reduz o ticket, mantendo a mesma margem de lucro de antes da reforma. Ou seja, ele vai conseguir preços menores, mais atrativos e fatia de mercado pois se adaptou a reforma.
O consumidor, vendo exatamente a mesma coisa, com a mesma qualidade, comprará com quem re-precificou.
O mesmo serve para as compras em relação ao custo devido aos créditos. A gente poderia avançar para olhar as despesas, os créditos e fluxo de caixa.
Tendência nº 2 de reforma tributária: regime híbrido
O que vai acontecer com as empresas do Simples Nacional?
Elas ganharão uma escolha no início de cada semestre: ficar no Simples puro (apurar tudo no PGDAS) ou adotar o regime híbrido.

Esse novo regime consiste em manter o Simples, porém destacar CBS/IBS por fora e apurar em débito e crédito pela regra geral:
No Simples puro, o cliente contribuinte de CBS/IBS recebe pouco crédito, porque a parcela dos novos impostos embutidos na tabela é pequena.
No híbrido, você continua com a simplicidade do Simples para os demais tributos, mas concede mais crédito do novo imposto ao comprador.
Se a base é majoritariamente pessoa física não contribuinte e varejo local, o regime puro pode seguir eficiente. Se o foco é empresas que aproveitam crédito (Lucro Presumido/Real e pessoas-física contribuintes), o híbrido tende a elevar conversão e fidelização.
Mapeie carteira e fornecedores, simule cenários de preço, margem e fluxo de caixa e alinhe contratos e políticas comerciais. As tabelas do Simples serão gradualmente adaptadas (com marcos previstos a partir de 2027/2029), então planeje a virada com antecedência.
Você não precisa estar no regime normal para usar os novos créditos. No regime geral de consumo, todos os regimes operam débito e crédito do mesmo jeito.
Tendência nº 3 de reforma tributária: split payment
Hoje você vende, recebe tudo e só depois recolhe o imposto.
Com o split payment, a nota fiscal fica amarrada ao pagamento eletrônico (Pix, TED, DDA). O sistema dividirá automaticamente para você e o imposto vai direto para o governo.
Por que isso vai pegar?
Porque o cliente só aproveita crédito de CBS/IBS se o débito estiver extinto. Na prática, o comprador vira “fiscal” do fornecedor e tende a exigir split payment (ou recolhimento pelo adquirente) para garantir o crédito sem depender do seu pagamento posterior.
Há três modalidades previstas:
Completo online: o sistema consulta seus créditos na base do governo, compensa o que for possível e retém só o imposto devido. Você recebe o líquido ajustado.
Completo offline: se a base cair, o sistema segura todo o imposto destacado e libera o restante. O governo ajusta depois.
Simplificado: retenção por média setorial/empresa, definida por Receita/Comitê do IBS.
Você perde o “fôlego” de usar o imposto até o vencimento, o que pesa em operações com margem baixa ou descasamento de prazos de compra/venda.
O que fazer já: re-precifique por fora e simule seu fluxo de caixa considerando recebimento líquido. Renegocie capital de giro para acomodar o novo timing. Veja com seu sistema integrado de gestão para amarrar nota e pagamento com conciliação de débitos e créditos.
Compre pelo custo líquido, avaliando preço menos crédito recuperável. Antecipando esses pontos, você reduz o impacto no caixa e continua competitivo para clientes que dependem de crédito fiscal.
Tendência nº 4 da reforma tributária: aumento do preço em itens que fazem mal à saúde
O famoso “imposto do pecado”.
O Imposto Seletivo (IS) é o extra cobrado sobre poucos itens que fazem mal à saúde ou ao meio ambiente. Ele nasce junto do IVA dual com uma alíquota única e aplica um acréscimo sem pesar na cesta básica e no essencial.
Por que isso importa?
Porque nosso sistema de consumo é regressivo: quem ganha menos gasta quase tudo em consumo e, proporcionalmente, paga mais imposto. O seletivo ajuda a desonerar o básico e onera o que causa dano, aproximando o Brasil do que já funciona em vários países.
Na prática, para a empresa, o recado é simples: classifique produtos corretamente, destaque o IS por fora (quando devido) e ajuste preços.
O objetivo não é aumentar imposto de tudo, e sim simplificar o difícil e dosar no específico. Se você vende item sujeito ao seletivo, trate como exceção bem mapeada.
Conclusão
Mesmo com pontos ainda em definição, a mensagem da reforma tributária é clara: adapte-se. Ao abraçar essas mudanças com um planejamento tributário, sua empresa atravessa a transição com menos estresse de caixa.
Eu quero que você vença esse capítulo e cresça com segurança—se você ainda está inseguro, entre em contato com a Gsoft. Oferecemos consultoria e direcionamento integrado para sua empresa e contabilidade com um sistema integrado de gestão.